A psicanálise serve para quem?

Essa pergunta é ecoada nas primeiras palavras de alguns pacientes que me escrevem pelo WhatsApp ao marcar uma consulta. E, desde o início, vejo nela também algo da minha própria trajetória com a psicanálise: de estudante, a analisante, e depois, analista.

Sei que existe, em torno da psicanálise, uma certa mística — dúvidas sobre o que ela faz, do que trata e como atua. Essas questões merecem um espaço à parte, mas, desde já, afirmo: a psicanálise trata por meio da palavra. É a partir disso, e do meu percurso de formação como analista, que uma resposta tem se desenhado.

Não sei se é uma resposta definitiva — e, sinceramente, acredito que esse é um debate que merece ser feito em campo mais amplo. Mas, por ora, do lugar de onde falo, penso que a psicanálise serve para quem está disposto a abrir caminho em meio a uma mata fechada em busca de respostas sobre si mesmo.

Uso a imagem da mata fechada porque ela marca a necessidade de uma escolha e de uma certa disposição. O caminho nem sempre é claro — muitas vezes, é árduo. É preciso voltar às vivências, escutar palavras, reencontrar pensamentos e crenças que, em muitos casos, doem, deixam marcas ou escapam no instante em que nos aproximamos.

Meu espírito de pesquisadora não deixa de ver na análise um espaço profundamente investigativo — uma investigação sobre o próprio existir.



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